segunda-feira, 19 de março de 2012

Soneto da separação.

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
 

    Autor: Vinicius de Moraes

segunda-feira, 12 de março de 2012

As formigas.

   


    Foi a coisa mais bacana  a primeira vez que as formigas conversaram com ele. Foi  a que escapuliu da procissão que conversou: ele estava olhando para ver aonde que ela ia, e aí ela falou para ele não contar pro padre que ela tinha escapulido - o padre ele já tinha visto que era o formigão da frente, o maior de todos, andando posudo.
     Isso aconteceu numa manhã de muita chuva em que ele ficara no quentinho das cobertas, com preguiça de se levantar ; virando para o outro canto, observando as formigas descendo em fila na parede. Tinha um rachado ali perto por causa da chuva, era de lá que elas saíram, a casa delas.
    Toda manhã aquela chuva sem parar, pingando na lata velha lá de fora no jardim, barulhinho gostoso que ele ficava ouvindo, enrolado no cobertor, olhando as formigas e conversando com elas, o quarto meio escuro, tudo escuro da chuva.
    A conversa ficava interessante quando ele lembrava de perguntar uma porção e coisas, e elas também perguntavam pra ele. (Conversavam baixinho, para os outros não escutarem.) Mas às vezes não lembrava nada para conversarem, e ficava chato, ele acabava dormindo - formiga tinha horá que era feito gente mesmo.
    O bom é que ninguém precisava gritar, nem também mentir, como as pessoas estavam sempre fazendo. E também poder ficar olhando assim, sem falar nada, só olhando, sem precisar falar [...]. Tão bom que nem sabia direito se estava acordado mesmo ou sonhando, as formigas uma atrás da outra, descendo, a fila certinha.
   Uma tarde entrou no quarto e viu a mancha de cimento novo na parede, brutal, incompreensível.
   -Pra quê que o senhor fez isso? Pra quê que o senhor fez assim com minhas formigas?
   O pai não entendia, e o menino chorando, chorando. Então o pai deu no espalho. Mas a mãe pediu  para ele ter paciência: nesse tempo de chuva as crianças ficam muito excitadas porque não podem sair à rua e não têm onde brincar.
   De manhã o menino acordava e olhava para a mancha de cimento na parede. Ficava olhando, até que sentia um bolo  na garganta, e cobria a cabeça com o cobertor.


            Autor: Luiz Vilela.

O vento.

   

   O único da casa que enxerga o vento é o cachorro. Detém-se à porta  da cozinha, rosnando para o pátio ventado, cheio de latas inquietas e papéis decididamente malucos.
  E nos seus olhos fixos e rancorosos vê-se  o desvario do vento, a incurabilidade do vento,  os seus cabelos em corrupio, os seus braços que parecem mil, os seus trapos flutuantes e espantalho, toda aquela agitação sem causa e que é ainda menos instável, no entretanto, que a terrível desordem da sua cabeça: pois o vento nunca pode assentar as idéias.


         Autor: Mário Quintana.

Amigo.

 

    "Amigo:  alguém que sabe de
    tudo a teu respeito e gosta
     de ti assim mesmo."

       Autor: Elbert  Hubbard.



 
   "Nenhum trabalho de
  qualidade pode ser feito sem
  concentração, auto-sacrifício,
  esforço e dúvida."
 
     Autor: Max Beerbohm.

Ame...

   
         Ame sem medo de ser amado!

                    Autora: Aline Simiano.

Caminhar, caminhar sempre...

      
 
      Por caminhos difíceis e perigosos,
   cheios de obstáculos em todos os
   lugares.
   Mas sem eles seria muito fácil
  caminhar.
     Os obstáculos fazem parte da
   vida daquele que sabe o que
   quer; e só sabe o que quer aquele
  que nunca desiste de caminhar!
     Caminhar, apesar dos obstáculos.
   
 Vamos caminhar juntos !

           Professora: Zorilda.

Ser criança...

  


  "Ser criança é carregar a esperança
 na ponta dos pés e no brilho dos olhos.
   É acordar, todos os dias, com a certeza
de que tudo vai melhorar,"

sábado, 10 de março de 2012

Charge.

    Bob Esponja.
 
   
 
 

Autor: Jacques Benigne Bossuet.

     
 "No Egito, as bibliotecas eram chamadas de Tesouro dos remédios  da alma; de fato, nelas cura-se a ignorância, a mais perigosa das enfermidades e a que dá origem a todas as outras!"

Violões que choram...

         










   Vozes veladas, veludosas vozes,
   volúpias dos vilões, vozes veladas,
   vagam nos velhos vórtices velozes
   dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.


       Autores: Cruz e Souza.

Ana e o pernilongo.

              
   
              Havia um pernilongo
              chamado Lino
              que tocava violino.
              Mas era tão pequenino          
              o Lino
              e tocava tão fino
              o seu violino,
              que nunca ouvi o Lino
              nem vi o Lino.
       
                          Autor: José  Paulo Paes.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Feira de literatura. "Nos livros está tudo."


    Que haverá nos livros?- costumava perguntar a mim mesma quando tinha três ou quatro anos, sentada  no meu  banquinho, na livraria de meus avós.
   Atrás do caixa sentava-se a avó. Do outro lado do balcão,  a minha mãe esperava os clientes. Por detrás dela, as estantes chegaram até ao teto e, para se poder alcançar os livros das prateleiras de cima, uma grande escada suspensa de uma barra de ferro por dois ganchos, deslizaram da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. Não pensem que me aborrecia! Quando um cliente entrava na loja, eu punha-me a adivinhar: irá escolher um livro das estantes inferiores, ou interessar-se-á, por algum colocado nas de cima? Jovem, ágil e inteligente,  a minha mãe sabia onde colocar cada livro, subia a escada se necessário, descia com um livro de capa azul, vermelha ou dourado e colocava-o diante do comprador. Eu sentia-me orgulhoso da minha mãe e cada vez me interessava mais e mais pelo que pudesse existir nos livros. Nas filas de baixo, também havia os de capas  azul, vermelha ou dourado, cheios de letras negras, pequeninhas, mas nenhum tinha desenhos tão bonitos como os meus!
    Em minha casa toda a gente lia. Ao observar os seus rostos inclinados sobre um livro, ao ver que ás vezes sorriam, outras vezes se punham sérios, e que certos momentos viraram a página com uma atenção tensa, interroga-me: Por onde andaram? Se lhe falo, não me ouvem e, quando por fim me presta atenção, parecem acabados de sair de algum lugar distante. Por que não me levam com eles?Que existe afinal nos livros? Qual é o segredo que não querem me contar? Mais tare aprendi  a ler. E descobri, enfim o segredo dos livros, descobri que neles estava tudo. Não apenas fada, gnomos, princesas e bruxas malvadas. Também lá estávamos  tu e eu com todas as nossas alegrias, as nossas preocupações, os nossos desejos, as nossas tristezas: o bem e o mal, verdade e a falsidade, a natureza, o universo. Tudo isso cabe nos livros. Abra um livro! Ele participará contigo todos os seus segredos.
 
     
        Autora: Eva Jarukovszky.

Nunca diga.

             

             Nunca diga
             o que eu digo.
             Se eu digo
             "essa flor é vermelha",
             Diga:
             "essa flor é amarela",
           
             Se eu digo:
             "não arranque esta flor",
             diga:
             "vou arrancar esta flor",

            Se eu digo:
            "cuidado com os espinhos",
            diga:
            "não ligo para os espinhos",

            não diga
            o que eu digo,
           por isso
           não poderá dizer:
           "esta flor é amarela"
           "vou arrancar esta flor"
           "não ligo para  os espinhos"
     
          pois quem disse
          fui eu
          e não você.
         
         Então, agora,
         o que tem
         a me dize?


                        Autor: Heitor Ferraz.


           

Relógio.

    
     As coisas são
     As coisas vêm
     As coisas vão
     As coisas
    Vão e vêm
    Não em vão
    As horas
    Vão e vêm
    Não em vão


          Autor: Oswald de Andrade

Procura da poesia.

    [...]
    Penetra surdamente no reino das
     palavras
    Lá estão os poemas que esperam
    ser escritos.
    Estão paralisados, mas não há
    desespero,
    há calma e frescura na superfície
    intata.
    Ei-los sós e mudos, em estado e
    dicionário.
    Convive com teus poemas, antes
    de escrevê-los.
    Tem paciência se obscuros. Calma,
    se te provocam.
    Espera que cada um se realize e
    consume com seu poder e
    palavras  e seu poder de silêncio.
    Não forces o poema a
    desprender-se do limbo.
    Não colhas no chão o poema
   que se perdeu.
    Não adules o poema. Aceita-o
    como ele aceitará sua forma
    definitiva e concentrada
    no espaço.

   Chega mais perto e contempla as
    palavras.
   Cada uma
   tem mil faces  secretas sob a face
   neutra e te pergunta, sem interesse
   pela resposta,
   pobre ou terrível, que lhe deres:
   Trouxeste a chave?

   Repara:
   ermas de melodia e conceito
   elas se refugiaram na noite, as palavras.
   Ainda úmidas e impregnadas de sono,
   rolam num rio difícil  e se transformam
   em desprezo.


               Autor: Carlos Drummond de
                          Andrade.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Poema.

            A poesia está guardada nas
            palavras- é tudo que eu sei.
            Meu fado é o de não saber
            quase tudo. 
            Sobre o nada eu tenho
            profundidades.
            Não tenho conexões com
             a realidade.
            Poderoso para mim não é aquele
            que descobre ouro.
            Para mim poderoso é aquele
            que descobre as insignificâncias
           (do mundo e as nossas).
            Por essa pequena sentença me
            elogiaram de imbecil.
            Fiquei emocionado e chorei.
            Sou fraco para elogios.

                       Autor: Manoel e Barros.





terça-feira, 6 de março de 2012

Traduzir-se

            Uma parte de mim é todo mundo
            outra parte é ninguém: fundo sem
            fundo.

            Uma parte de mim é multidão:
            Outra parte estranheza e solidão.

            Uma parte de mim pesa, pondera:
            outra parte delira.

            Uma parte de mim almoça e janta:
            outra parte se espanta.

            Uma parte de mim é permanente:
            outra parte se sabe de repente.

            Uma parte de mim é só vertigem:
            outra parte, linguagem.

          Traduzir uma parte na outra parte
           -que é uma questão de vida ou
            morte-
           será arte?


                        Autor: Ferreía Gullar

É poema ou não é ?

          
   O girino é o peixinho do sapo. O silêncio é o começo do papo. O bigode é a antena do gato. O cavalo é pasto do carrapato . O cabrito é o cordeiro da cabra. O pescoço pé a barriga de cobra. O leitão é um porquinho mais novo. A galinha é um pouquinho do ovo. O desejo é o começo do corpo. Engordar é a tarefa do porco. A cegonha é a girafa do ganso.  O cachorro é  um lobo mais manso. O escuro é a metade da zebra. As raízes são as veias da seiva. O camelo é um cavalo sem sede. Tartaruga por dentro é parede. O potrinho é o bezerro da égua. A batalha é o começo da trégua. Papagaio é um dragão miniatura. Bactérias  num meio é cultura.

                  Autor: Arnaldo Antunes.

Viviani e sua história !

               

           Minha amiga de classe se chama Viviani, ela nasceu em Joinville e hoje tem 14 anos. Já estudou em três escolas: Arnaldo Moreira,  Jardim Girassol e atualmente no Zulma. Ela é loca por preto! Porção de batatas fritas, pizza e frango assado.
         Sua maior qualidade é ser motivada e seu maior defeito é ser sincera demais, ela declara que num amigo não pode faltar confiança e sinceridade.
         Seu passa tempo preferido é cantar, tocar violão, estudar para seu curso de Inglês e ainda bloquear no vôlei... Ela me revelou que gostaria de ir a Califórnia, para visitar seu irmão!
        Perguntei para ele seus cantores preferidos que são: Bruno Mars, Taylor Monsem e Hayley Willians e seus filmes são  : Amizade colorida, Harry Poter e a Pedra Filosofal e X-men. Ela declarou que sua mãe, amigas e irmãos são as pessoas que valem ouro e incluindo seu cachorrinho Luty!
        Sorrindo me revela que sua mania é falar muito depressa e já dá o papo reto, que se alguém pisar na bola difícilmente terá perdão, ela comenta que detesta pessoas preconceituosas e ignorantes;
        Ainda lhe pergunto por que o nome de Viviani, e ela me responde, por que seus pais estavam vendo uma reporter  que se chamava Viviani e acharam bonito e é por esse motivo seu nome! E assim termino minha entrevista com sucesso e conteúdo!


                      Autora: Aline Simiano      13/02/2012

Nós e o Espelho

            Alguém muito desanimado entrou numa igreja e em determinado momento disse para Deus: "Senhor, aqui estou porque a igreja não há espelhos, pois nunca me senti satisfeito com minha aparência"
           Subitamente uma folha de papel caiu aos seus pés, vindo do alto do templo; confuso, ele apanhou a nela viu as seguintes mensagem:
          "Minha criatura, nenhuma da minhas obras veio ou ficou sem beleza, pois a feiura é invenção dos homens e não minha Não importa se o corpo é gordo ou magro, ele é o templo do espírito e este é eterno.Não importa se os braços são longos ou curtos, sua função é o desempenho do trabalho honesto. Não importa se as mãos são delicadas ou grosseiras, sua função é dar e receber o bem. Não importa  a aparência dos pés, sua função é tomar o rumo do amor e da humildade. Não importa o tipo  de cabelo, se ele existe ou não numa cabeça, o que importa é que eles vejam os pensamentos que pela cabeça passam. Não importa a forma e a cor dos olhos, o que importa é que eles vejam o valor da vida. Não importa o formato do nariz, o que importa é inspirar e expirar fé. Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativos, o que importa são as palavras que saem dela."
         Ainda confuso, esse alguém se dirigiu para a porta da saída, que tinha algumas partes de vidro. Nesse exato momento sentiu que toda a sua vida se modificara.
        Havia esse lembrete na porta colado:
        "VEJA COM BONS OLHOS SEU REFLEXOS NESTE VIDRO E LEMBRE-SE DE TUDO QUE DEIXEI  ESCRITO . OBSERVE QUE NÃO HÁ UMA ÚNICA LINHA SOBRE MIM QUE AFIRME QUE SOU BONITO"



                       -Autor Desconhecido.
   

PEÇA BIS...

             Sempre que alguma coisa boa acontecer:
Peça bis...
Sempre que fizer uma amizade:
Peça bis...
Sempre que descobrir coisas novas:
Peça bis...
Para boas notas:
Peça bis...
Para tudo de bom que acontecer este ano:
Peça bis...
Para uma caminhada  feliz e cheia de sucesso:
Peça bis...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Poema...

"Ontem eramos três 
Eu,você e a felicidade
Hoje que eu te perdi!
Somos dois 
Eu e a Saudade..."

      

"O valor das coisas não está no tempo em que elas
duram, mas na intensidade com que acontecem.Por
isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis
e pessoas incomparáveis." 


        Fernando Pessoa.